Ideias-chave: seguir em frente, respeitar o instinto; desapegar, com atenção às compulsões; inquietude e irracionalidade.
Se ainda não estamos numa dinâmica de seguir em frente, agora é que é. Com o impulso da energia do Carro, regido pelo Princípio do Desapego, está na hora de deixar para trás a zona de conforto e partir em demanda de novas paragens. Para onde? Isso pode não estar definido, mas há que seguir, de qualquer maneira.
Não podemos, no entanto, desprezar o peso que a energia do Diabo imprime a esta viagem: ele governa os instintos e também as compulsões, disposto a tudo em troca de nada. Gerir o impulso irracional deste Arcano, absolutamente genuíno, mas com alguma possibilidade de nos levar para lugares mais perigosos, imprime uma faceta particular à viagem do condutor do Carro, um jovem guerreiro destemido, que deixa a casa paterna e segue em busca do seu lugar e da sua verdade.
O desapego é, simultaneamente, um exercício de humildade e coragem. Implica a capacidade de largar o lugar que nos tem acolhido e que se tonou agora inconveniente para nós, mas deixando ficar o conforto e os hábitos a que nos acostumámos. Com o Carro partimos à aventura, procurando ser donos do nosso próprio destino, e isso exige que dominemos os “cavalos”, que nos querem puxar, cada um para seu lado, fazendo-os seguir a rota que nós próprios escolhemos. O guerreiro que guia o Carro vai armado e defendido, desconfiando de quem lhe aparece ao caminho, por vir magoado do lugar que deixou para trás. A cada encruzilhada, faz a sua escolha, definindo assim o caminho que, a seu tempo, o levará para um lugar futuro.
Desta vez, tem o Diabo a aconselhá-lo, em cada decisão. Os conselhos do Diabo são arrojados e saem-lhe do lugar mais irracional e verdadeiro que tem dentro de si. Vêm inspirados pela voz dos instintos, as defesas naturais que traz no seu código genético, para sobreviver em todas as circunstâncias.
Mas, por vezes, a influência do Diabo pode levá-lo para soluções que, se bem que no curto prazo lhe tragam prazer, podem a médio ou longo prazo destruí-lo. São as compulsões para consumos excessivos ou actos aditivos, por exemplo, em sentido literal, ou metafórico. Não se pense, no entanto, tão mal do Diabo, ele não é “maléfico”, antes libertário.
Temos, pois, um jovem guerreiro em marcha solitária, definindo passo a passo a sua rota, procurando controlar os seus cavalos e inspirado pelo instinto nas suas decisões. Assim estamos, neste momento, segundo a leitura da semana: jovens, aventureiros, determinados, correndo alguns riscos de que é importante que tenhamos consciência. Oiçamos o instinto, sigamos a nossa natureza, mas acautelemos os excessos. Das decisões que formos tomando a cada momento, a cada “encruzilhada”, sairá a rota que nos pode levar para os novos lugares onde poderemos ser mais felizes.
Imagem : Dreaming Way Tarot, de Rome Choi e Kwon Shina, 2012
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